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Qual é a Gíria

Valto Martins

testa de ferro

Testa de ferro é a pessoa que se apresenta como responsável por atos ou empreendimentos de outrem, que não quer ou não pode aparecer; homem de palha; títere. Ao contrário do que se imagina, o termo não denomina nem faz analogia a uma testa de ferro, mas uma analogia a alguém que tem a “testa ferrada” (marcada com ferro quente). Representa alguém que recebe a culpa (pena do tipo marca de ferro quente) para proteger outro alguém que não pode aparecer. Quem está com a testa marcada é o “testa de ferro”. Na Antiguidade era comum a previsão nos Códigos de uma pessoa notável pagar para outro receber a pena em seu lugar. A punição marcada à ferro era vasta na antiguidade em várias culturas. Na Índia, as Leis de Manu, semelhante a Lei de Talião, previa a pena de marcar com ferro em brasa a face do culpado, com símbolos indicativos do seu crime. Quem manchasse o leito de seu pai espiritual seria assinalado com desenhos representativos das partes sexuais da mulher; o que tomasse licores espirituosos, marcado com a bandeira do destilador; o que roubasse ouro de um sacerdote, com a pata de cão; o que assassinasse um Brâmane, com a figura de um homem sem cabeça. Em Roma e na Grécia, os criminosos eram marcados com desenhos de animais na fronte. Na França, os criminosos eram marcados no rosto com um ferrete em forma de flor-de-lis, até 1562. Posteriormente, até 1823, foram adotadas as letras "V"(ladrões primários), "W"(reincidentes), "GAL"(criminosos condenados às galés) e "F"(falsários), também conhecidas por “letras de fogo”, impresso nas costas dos delinqüentes que identificavam. Também utilizado nos Estados Unidos, em 1718, os assassinos eram marcados com um "M" (“murderer”) sobre o polegar esquerdo e os traidores com um T (“treachery”). Na Roma Antiga, a chamada "Lex Remmia" (90 a.C.), que previa, dentre suas penas, a de marcar o criminoso na testa com ferro em brasa a letra "K", de 'kalumnia' ("calúnia"), para punir os crimes de litigância de má-fé e denunciação caluniosa e prevenir novas infâmias. (ver “ferrado”). Segundo Câmara Cascudo, o Duque Emanuele Filiberto di Savoia, conhecido como Testa di Ferro, foi rei de Chipre e Jerusalém. Mas tinha somente o título e nenhum poder verdadeiro. Daí a expressão ser atribuída a alguém que aparece como responsável por um por um negócio ou empresa sem que o seja efetivamente (Luís da Câmara Cascudo. Locuções Tradicionais no Brasil. São Paulo, Editora Global/2008).

Fulano é o testa de ferro daquele empresário fraudador.



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